Short Stay: Como a locação por temporada se compara ao aluguel tradicional?

O short stay deixou de ser apenas uma alternativa pontual para turistas e passou a ocupar um papel relevante no mercado imobiliário brasileiro. Plataformas como Airbnb e Booking mudaram a forma como imóveis são usados, precificados e percebidos como investimento.

Mas afinal, short stay é melhor do que o aluguel tradicional? Ou essa resposta depende do perfil do imóvel, do investidor e da estratégia adotada?

Neste artigo do Projeto Radiê, vamos comparar short stay e aluguel tradicional sob uma perspectiva prática, financeira, jurídica e estratégica.

O que é Short Stay e como ele se diferencia do aluguel tradicional

O short stay é a locação de imóveis por curtos períodos, que podem variar de alguns dias a algumas semanas. No Brasil, esse tipo de contrato é classificado como locação por temporada, com prazo máximo de até 90 dias, conforme a Lei do Inquilinato.

Já o aluguel tradicional envolve contratos mais longos, normalmente de 30 meses, com valor mensal fixo e reajustes periódicos.

A diferença entre os dois modelos não está apenas no prazo, mas na lógica de funcionamento, na forma de gerar receita e no nível de envolvimento do proprietário.

Short Stay e aluguel tradicional: duas lógicas de investimento diferentes

Embora os dois modelos usem o mesmo ativo, eles funcionam sob premissas distintas.

No aluguel tradicional, o foco está na previsibilidade. O investidor sabe quanto irá receber todos os meses, assume menos rotatividade de inquilinos e costuma ter menor envolvimento operacional.

No short stay, a lógica se aproxima mais de um negócio. A receita varia conforme ocupação, sazonalidade, qualidade do imóvel, avaliações e estratégia de precificação. O potencial de faturamento costuma ser maior, mas o risco e o trabalho também aumentam.

Rentabilidade no Short Stay: faturamento não é lucro

Um dos erros mais comuns ao analisar short stay é confundir faturamento com rentabilidade.

É verdade que, na média, uma diária de locação por temporada pode render mais do que o equivalente mensal dividido por 30 dias. Em determinadas regiões, o short stay pode gerar de 30% a 150% a mais de faturamento bruto.

Porém, esse número não considera custos como:

  • Limpeza recorrente
  • Manutenção mais frequente
  • Condomínio e IPTU integralmente assumidos pelo proprietário
  • Contas de consumo (água, luz, internet)
  • Taxas das plataformas
  • Impostos e gestão

Na prática, a rentabilidade do short stay depende diretamente da taxa de ocupação. Um imóvel bem localizado e bem gerido pode performar muito acima da média. Um imóvel mal posicionado pode sofrer com vacância e gerar frustração.

Rentabilidade no aluguel tradicional: menos pico, mais estabilidade

No aluguel tradicional, a rentabilidade tende a ser mais previsível, ainda que menor. O proprietário recebe um valor fixo mensal, geralmente sem grandes oscilações ao longo do ano.

Os custos operacionais são menores, já que despesas como consumo e limpeza ficam sob responsabilidade do inquilino. Além disso, o risco de vacância costuma ser menor durante o prazo do contrato.

Para quem busca renda passiva mais estável, o aluguel tradicional ainda é uma escolha consistente, especialmente em cidades grandes e regiões com alta demanda residencial.

Short Stay exige mais trabalho operacional

Um ponto frequentemente ignorado em comparações superficiais é o tempo e energia exigidos pelo short stay.

Gerenciar um imóvel por temporada envolve:

  • Atendimento rápido a hóspedes
  • Gestão de reservas e calendário
  • Coordenação de limpezas
  • Manutenção preventiva constante
  • Ajuste dinâmico de preços
  • Gestão de avaliações

Em outras palavras, short stay não é renda totalmente passiva. Ele se aproxima mais de uma operação hoteleira enxuta, ainda que em menor escala.

Já o aluguel tradicional, após a assinatura do contrato, tende a exigir pouca interferência do proprietário, especialmente quando há uma imobiliária intermediando a relação.

Aspectos legais do Short Stay que o investidor precisa conhecer

Do ponto de vista jurídico, o aluguel por temporada é permitido, mas não é irrestrito.

A legislação brasileira autoriza a locação por temporada, porém condomínios podem restringir ou proibir o short stay via convenção. É necessária atenção às regras internas e quórum de aprovação.

A informalidade excessiva aumenta riscos jurídicos, além de que tributos municipais podem incidir, dependendo da cidade.

Antes de investir nesse modelo, é essencial analisar a convenção do condomínio, a legislação local e o perfil do entorno.

Aluguel por temporada faz mais sentido em quais cenários?

O short stay costuma funcionar melhor quando alguns fatores estão alinhados:

  • Localização estratégica (turismo, hospitais, universidades, centros comerciais)
  • Alta demanda por estadias curtas
  • Imóvel compacto, funcional e bem mobiliado
  • Proprietário com disponibilidade para gestão ou terceirização
  • Objetivo claro de maximizar retorno, aceitando volatilidade

Nesses casos, o short stay pode se tornar um excelente instrumento de geração de caixa.

Quando o aluguel tradicional é uma escolha mais inteligente

Em outros cenários, o aluguel tradicional pode ser mais coerente:

  • Investidor conservador
  • Pouco tempo disponível para gestão
  • Imóvel em região residencial estável
  • Busca por previsibilidade e simplicidade
  • Estratégia de longo prazo e baixa rotatividade

Aqui, o foco não é maximizar retorno mensal, mas proteger patrimônio e gerar renda constante.

Aluguel por temporada ou aluguel tradicional: depende da estratégia do investidor

Não existe uma resposta universal. A escolha entre short stay e aluguel tradicional depende mais da estratégia do investidor do que do modelo em si.

Alguns investidores, inclusive, adotam uma estratégia híbrida, mantendo parte do portfólio em locação tradicional e parte em short stay. Isso ajuda a equilibrar risco, retorno e previsibilidade.

O erro está em adotar um modelo incompatível com o perfil do imóvel ou com a realidade de quem investe.

O que o investidor iniciante precisa entender sobre Short Stay

Para quem está começando, o short stay pode parecer sedutor pelos números brutos. Mas ele exige planejamento, análise de custos reais, clareza de objetivos e disciplina operacional

Sem isso, o que parecia uma oportunidade pode se transformar em um problema constante.

Conclusão: Aluguel por temporada é oportunidade

O short stay é uma realidade consolidada e a tendência é que continue crescendo, especialmente em cidades bem estruturadas e com fluxo constante de pessoas. Ele oferece mais potencial de retorno, mas cobra isso em forma de risco, trabalho e complexidade.

O aluguel tradicional, por outro lado, continua sendo um pilar sólido para quem busca estabilidade e previsibilidade.

No fim, investir bem em imóveis não é escolher o modelo “da moda”, mas entender qual estratégia faz sentido para você, para o imóvel e para o momento do mercado.

E é exatamente isso que o Radiê se propõe a fazer: transformar complexidade em clareza.

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